Qual é o tratamento de escolha para a Presbiopia?

Diariamente os oftalmologistas recebem em seus consultórios pacientes buscando uma solução para a Presbiopia. Porém esta é uma questão que divide opiniões entre os profissionais. Apesar de não haver um consenso, procuramos alguns dos mais experientes cirurgiões de catarata do Brasil e enviamos um questionário com 40 perguntas simulando algumas situações reais que nos deparamos no consultório rotineiramente. Essa pesquisa de opinião não teve a pretensão de ser um consenso e nem de ser um guia terapêutico para os oftalmologistas. O intuito foi saber a opinião dos profissionais, com grande experiência no assunto, sobre cada situação apresentada. Para isso, o questionário mesclou a combinação de quatro principais características dos paciente: Idade, sexo, tipo de ametropia e nível de exigência visual.

1- Idade

A idade foi segmentada em 5 grupos: 40 a 45 anos, 45 a 50 anos, 50 a 55 anos, 55 a 60 anos e maiores de 60 anos.

2- Sexo

Masculino e Feminino.

3- Tipo de Ametropia

Foi dividido entre Míopes e Hipermétropes. A intensão foi avaliar os casos comuns do consultório. Não foi objetivo englobar casos extremos como altas ametropias, ceratocones ou outras situações especiais.

4- Nível de exigência visual

Os pacientes apresentados foram divididos em 2 grupos: Com alta exigência visual, como engenheiros (as), motoristas e quaisquer outras situações em que o nível de exigência com o resultado final do procedimento sejam altos. Em outro grupo estão os pacientes sem uma alta exigência visual.

Obviamente que existem vários outros fatores envolvidos e a simples avaliação dos fatores acima não engloba todo o universo de situações encontrado pelos profissionais na prática clínica. A tomada de decisão não é tão simples quanto foi apresentado no questionário. Porém as respostas da pesquisa de opinião nos trouxe resultados interessantes.

Sobre o questionário

O enunciado geral foi: “Considerando um paciente présbita com cristalino transparente, que deseja fazer cirurgia refrativa para ter independência total dos óculos, assinale sua preferência pessoal em cada caso abaixo. Pode assinalar mais de uma alternativa se julgar relevante.”

Cada questão tinha o mesmo formato, variando apenas as características do paciente: “Na sua opinião, entre ‘x’ anos de idade, qual o tratamento de escolha para a presbiopia em pacientes do sexo ‘z’, com a ametropia ‘y’ e com nível de exigência ‘w’?”

As alternativas foram sempre as mesmas para as 40 questões: A- Óculos, B- LC Monovisão, C- LC Multifocal, D- PRK ou LASIK Monovisão, E- PresbyLASIK ou PresbyPRK, F- Lente Intracorneana, G- LIO Fácica, H- Faco-Refrativa Monovisão, I- Faco-Refrativa Bifocal, J- Faco-Refrativa Trifocal ou K- Faco-Refrativa EDOF.

O questionário foi enviado a 25 cirurgiões experientes e obtivemos 20 questionários respondidos. Conforme acordado com os profissionais, a identidade dos entrevistados foi preservada.

Resultados

As respostas revelaram o que os 20 cirurgiões consideram mais importante e o que consideram não ter tanta relevância na tomada de suas decisões ao indicar um tratamento para a Presbiopia.

A característica do paciente que mais definiu a conduta dos cirurgiões foi o ‘Nível de Exigência Visual’. Independente do sexo, tipo de ametropia ou idade, quando o paciente apresentou um alto nível de exigência visual, a conduta de escolha foi sempre a prescrição de óculos, exceto em mulheres hipermétropes com mais de 60 anos onde a conduta de escolha foi Faco-Refrativa com LIO Trifocal ou EDOF.

Portanto, com base neste resultado acima, a diferença de conduta entre as outras características que será discutida abaixo basicamente só ocorreu em pacientes que não apresentavam um nível de exigência visual elevado. Vamos a elas.

Em relação à comparação entre os sexos, de um modo geral não houve diferença entre a conduta de escolha, exceto no caso citado acima, em hipermétropes com mais de 60 anos e com nível de exigência visual elevado em que os entrevistados indicaram óculos para os homens e Faco-Refrativa para as mulheres.

Quanto à idade, o questionário foi segmentado em 5 grupos: 40 a 45 anos, 45 a 50 anos, 50 a 55 anos, 55 a 60 anos e maiores de 60 anos. Porém as respostas apresentaram concordância entre alguns grupos. Sendo assim, foi possível agrupar as condutas conforme a idade em apenas 2 ou 3 grandes grupos, dependendo do tipo de ametropia. Isto é, em hipermétropes, a conduta mais escolhida foi ‘LC Monovisão’ entre os menores de 50 anos (40 a 50 anos) e ‘Faco-Refrativa com LIO Trifocal’ entre os maiores de 50 anos (> 50 anos). Já entre os míopes, a idade de corte foi diferente. A conduta mais escolhida em míopes foi ‘LC monovisão’ e ‘PRK ou LASIK Monovisão’ (empate técnico) entre os menores de 50 anos (40 a 50 anos), já entre 50 e 55 anos prevaleceu ‘LC Monovisão’ e entre os maiores de 55 anos (> 55 anos) a conduta de escolha foi Faco-Refrativa com LIO Trifocal.

Tabela 1: Conduta mais escolhida pelos entrevistados entre pacientes sem nível de exigência elevado, independente do sexo.

Veja abaixo como foram as 40 respostas: