Tem sido amplamente divulgado em todas as mídias o caso de seis pacientes do Rio de Janeiro que receberam órgãos infectados com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). A Sociedade Brasileira de Córnea (SBC) e o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) vêm por meio deste se posicionar:

1. O Sistema brasileiro de transplantes é o maior sistema público de transplantes do mundo, possuindo um alto nível de confiabilidade e transparência. O que ocorreu no Rio de Janeiro foi um fato isolado, embora gravíssimo, decorrente do erro de exame sorológico realizado por um único laboratório, não correspondendo ao nível de excelência que se tem em toda a rede envolvida no sistema.

2. Os bancos de tecidos oculares (BTOC) são os responsáveis pela garantia da qualidade de todas as córneas transplantadas no Brasil. Os BTOC realizam sorologias para HIV, hepatites B e C, HTLV 1 e 2 em todos os doadores de córnea. Além da avaliação laboratorial, os BTOC fazem também uma cuidadosa análise do histórico clínico e social dos doadores de córnea, com o objetivo de evitar a transmissão de qualquer doença através da cirurgia.

3. Nesse infeliz caso ocorrido no Rio de Janeiro, os pacientes que receberam as córneas não contraíram a infecção pelo HIV. Também não há relato na literatura médica da transmissão do HIV através do transplante de córnea, provavelmente pela razão da córnea ser um tecido que não possui vasos sanguíneos.

4. Apesar desse evento trágico, reafirmamos a confiança que temos no sistema brasileiro de transplantes. Esse evento, repetimos isolado, não irá nos impedir de continuar a luta para melhorar a qualidade de vida dos mais de trinta mil pacientes que aguardam por um transplante de córnea no Brasil.

Por fim, nos solidarizamos com os pacientes que receberam os órgãos infectados. Desejamos que consigam se manter saudáveis apesar desse grave acontecimento. Temos a certeza de que os órgãos competentes irão investigar minuciosamente o ocorrido.

Wilma Lelis Barboza
Presidente do Conselho Brasileiro de
Oftalmologia

José Álvaro Pereira Gomes
Presidente da Sociedade Brasileira de
Córnea e Tecidos Oculares