O tema que envolve a escolha da melhor lente intraocular para correção refrativa da afacia, em pacientes submetidos a facectomia, divide opiniões entre os oftalmologistas. Para pontuar, nos dias atuais, qual é a opinião predominante entre os profissionais, Dr Israel Rosenberg elaborou uma enquete nas redes sociais e obteve resposta de algumas centenas de oftalmologistas. O Eye Channel conversou com Dr Israel para conhecer sua análise sobre a enquete.
EYE CHANNEL – Qual foi o intuito da enquete, Dr Israel? O que o senhor queria analisar?
Dr Israel Rosenberg – O intuito da enquete foi tentar obter uma visão isenta, ainda que estatisticamente criticável, sobre o real sentimento dos oftalmologistas em relação seu tipo predileto de lente intra ocular, no momento em que eles próprios forem operados de catarata.
Em tese, o indivíduo sempre escolhe o melhor para si.
Outras pesquisas acabam tendo imenso viés duvidoso, por serem patrocinadas por fabricantes ou representantes das lentes, fator este que embute interesse econômico no modo da pesquisa ou mesmo na sua apuração – o mecanismo que usamos foi o Monkey Survey, a maior plataforma de pesquisa online – mas mesmo ele permite ao dono da pesquisa anular votos que não o agrade.
EYE CHANNEL – O resultado foi o esperado ou surpreendeu?
Dr Israel Rosenberg – Poucas questões, no campo da cirurgia da catarata, despertam mais paixões do que a discussão sobre a indicação de monofocais versus multifocais.
Paixões estas quase clubísticas – acredito jocosamente que até amizades já se romperam por isto.
Quanto ao resultado, me surpreendeu sim, pois eu imaginava que a maioria optaria por lentes intra oculares monofocais – na minha própria experiência enquanto operando oftalmologistas, não me recordo de nenhum solicitando este tipo de implante para si mesmo.
Obviamente, todo cirurgião lembra de um colega oftalmo que foi operado com multifocais, ao passo que se recorda, por outro lado, de dezenas que tiveram monofocais implantadas nos seus olhos.
EYE CHANNEL – Como o senhor interpreta esse resultado?
Dr Israel Rosenberg – A interpretação do resultado aceita inúmeras facetas, desde as mais prosaicas, até aquelas as quais só a um profissional estatístico caberia analisar.
A amostra misturou cirurgiões experientes, com colegas não cirurgiões, em proporção desconhecida. O mais experiente tende a indicar mais multifocais? O menos experiente sente-se constrangido em seu íntimo, em indicar a tecnologia mais conservadora das monofocais, e parecer retrógrado?
Alguns colegas dos grupos de WhatsApp respondentes à pesquisa, residem em locais mais afastados e, pela clientela menos afluente, talvez tenham implantado pouquíssimas multifocais, mas se encantam pelo conceito de não usar óculos para qualquer distância?
De qualquer modo, obtivemos uma radiografia bem interessante sobre o assunto, com quase 400 participantes.