Os rumores de uma crise em relação a administração da EssilorLuxottica aumentam. De acordo com a matéria publicada no site “Fashion Networ”, na última quarta-feira, dia 22, a Delfin, empresa do principal acionista e presidente executivo da EssilorLuxottica, Leonardo Del Vecchio, declarou que certos comportamentos da Essilor constituem uma “clara violação” do acordo de fusão e das regras de administração do novo grupo franco-italiano.

As empresas Essilor e a Luxottica fundiram-se em 2018, mas de acordo com alguns especialistas, a divisão de poderes dentro do novo grupo não está bem definida, o que pode futuramente prejudicar o processo de integração operacional.

Ainda de acordo com a matéria, a reunião do conselho de administração da empresa, realizada no dia 18, não resultou em nenhuma decisão para resolver as diferenças entre a Essilor e Leonardo Del Vecchio, fundador da Luxottica e detentor de 31% da nova entidade.

A Delfin “reserva-se o direito de tomar as medidas necessárias ou apropriadas para proteger os seus interesses, bem como os da EssilorLuxottica e das suas partes interessadas”.

Em entrevista ao LeFigaro, Leonardo Del Vecchio disse que Hubert Saignières, CEO da Essilor, “só aceita aquilo que ele próprio propõe”, e que “desde a primeira assembleia geral do novo grupo, em 29 de novembro, se comportou como se a Essilor tivesse comprado a Luxottica”.

Uma fonte próxima da Essilor declarou: “Recebemos com surpresa e consternação o comunicado da Delfin” e os comentários de Leonardo Del Vecchio ao LeFigaro. Segundo a matéria, a Essilor deverá fornecer esclarecimentos nos próximos dias.

O que ajudou a aumentar a tensão entre as empresas, foi o fato de Leonardo Del Vecchio propor, a transferência de algumas funções operacionais para Francesco Milleri, o que a Essilor interpretou imediatamente como uma tomada de controle do grupo pela Delfin.

Na semana passada, a EssilorLuxottica solicitou os serviços de um caçador de talentos para recrutar um novo diretor-geral. Na bolsa, a ação da EssilorLuxottica caiu quase 5% desde o início do ano, enquanto o CAC 40, da qual faz parte, aumentou 14%.

Para finalizar, a matéria informou que Leonardo Del Vecchio assegurou que a Essilor e a Luxottica estão a funcionar bem, dizendo que as sinergias de 400 a 600 milhões de euros previstas pela fusão serão realizadas em cinco anos, mais dois do que o inicialmente anunciado. “(Essilor e Luxottica) continuam a funcionar bem do ponto de vista operacional. Existe um problema de administração, só isso. O bloqueio não vem de nós. Estamos dispostos a encontrar uma solução, mas é necessário que haja uma resposta do outro lado”, concluiu Leonardo Del Vecchio.