O Cross-Linking do colágeno da córnea é uma técnica já mundialmente difundida para conter a progressão do Ceratocone. Já se demonstrou ser um procedimento minimamente invasivo e bem sucedido na melhora da estabilidade biomecânica dos tecidos da córnea. Na fisiopatologia do Ceratocone observa-se um abaulamento progressivo da córnea (ectasia), levando a um aumento da curvatura da mesma e, em casos mais avançados, aumento do diâmetro ântero-posterior do olho também, levando a um progressivo aumento da miopia e astigmatismo.
No caso da miopia axial, degenerativa, ocorre um aumento progressivo da miopia causado por um abaulamento da esclera posterior (estafiloma – “ectasia”), levando também a uma aumento do diâmetro ântero-posterior do olho. O Cross-Linking do colágeno da esclera tem sido estudado como uma técnica  que poderia levar ao fortalecimento da esclera e prevenção da progressão da miopia patológica. Este tratamento tem sido testado em vários modelos animais, bem como em esclera humana ex vivo. O procedimento é feito nas regiões da esclera equatorial, que está enfraquecida nos estágios iniciais da miopia, e no pólo posterior, que é afetado mais tarde nos casos mais avançados.
O desafio neste caso está na posição anatômica da esclera posterior. Pra isso, um aparelho de distribuição de luz deve ser introduzido de forma segura no fundo do globo ocular e irradiar luz homogênea ao redor do mesmo para que promova um fortalecimento uniforme da esclera, evitando assimetrias no formato do olho. As abordagens já testadas envolvem desde dissecções mais invasivas com ligação dos músculos extraoculares para exposição do tecido escleral à luz, até a utilização de guias de ondas poliméricas flexíveis com uma técnica menos invasiva e resultados promissores como demonstrado na última publicação sobre o tema, que tem a participação do Dr. Theo Seiler (Investigative Ophthalmology & Visual Science May 2017, Vol.58, 2596-2602. doi:10.1167/iovs.17-21559).