Prezados colegas,
Todos estamos enfrentado momentos de muita incerteza, conflitos e desafios. Sejam aqueles que se vêem forçados a deixar de trabalhar, e aqueles que estão na linha de frente, a despeito do risco ao qual estão submetidos e, mais angustiante, expondo a própria família (meu respeito e admiração só cresce a cada dia).
Nossos grupos de Whatsapp estão cheios de mensagens científicas, econômicas, políticas, de humor…
Muitas vezes estamos apenas nos repetindo para nós mesmos, num círculo que nos mantém freneticamente “online “, alimentando uma ansiedade que atordoa toda nossa sociedade nesse momento, ainda que nesse primeiro momento sejamos enganados (eu mesmo incluído) lidando com grande volume de informações e mensagens como se fosse uma válvula de escape. Mas o efeito certamente é inverso.
Ninguém sabe quanto tempo vai durar a crise, mas, com a informação que temos nesse momento, teremos um desafio por um tempo bem maior que desejamos. E o esforço de reconstrução terá que ser maciço quando tudo isso passar (sim, vai passar!).
Assim, temos que procurar nos manter saudáveis, na medida do possível. Temos que estar em condições de oferecer o “arrimo” para quem mais precisa: sejam nossos pacientes, ou aquele que tanto amamos e nos esperam em casa.
Para aqueles que estão na linha de frente, não terei a audácia de sugerir o que fazer. Posso apenas oferecer o meu apoio no que for possível, e minhas orações.
Para aqueles que se encontram em isolamento social, sugiro (e, de novo, me incluo) que voltemos nossas energias a passar mais tempo com nossa família, que nos olha como referência de como se comportar no momento. Reparem, em casa, que somos o termômetro: se estamos ansiosos, a aflição deles se multiplica. Mas, certamente se transmitimos tranquilidade (e isso não quer dizer minimizar ou negligenciar os riscos ou necessidade de medidas mais extremas), se sentem confortados. E isso certamente garantirá mais saúde, no sentido amplo.
Ao invés de nos colocarmos em frente às telas, acompanhando estatística minuto a minuto, repassando links, artigos e mensagens para nós mesmos, também podemos aproveitar melhor esse tempo nos voltando a grupo de não médicos. Me parece que grande parcela da população ainda não tomou consciência da necessidade de isolamento sempre que possível e demais cuidados. Sabemos hoje que essa demora em agir foi e está sendo responsável por muitas mortes na Itália.
Dediquemos, agora, nossas energias orientando e nos comunicando de maneira assertiva com todos aqueles que podemos, a fim de atingirmos também a população não médica, para que o “viral” do bem se espalhe, e tenhamos uma mudança nesse padrão temerário que está se instalando. Para tal, devemos usar informações sólidas e de fonte confiáveis.
Façamos o que sabemos e devemos fazer: orientar e confortar sempre. Utilizemos nosso precioso tempo a favor de toda sociedade, e talvez isso resultará em melhores condições para que nossos bravos colegas da linha de frente consigam tratar os doentes.
E que ao final, seja pelo amor ou pelo sofrimento, possamos evoluir como classe, sociedade e humanidade.
Dr Evandro Diniz – Belo Horizonte/MG