Hoder é um deus cego da mitologia nórdica. Este nome foi dado à operação da Polícia Federal que investiga fraudes no programa de distribuição de colírios de Glaucoma e que hoje pela manhã cumpriu quatro mandados de prisão temporária, entre eles o de um médico, um de condução coercitiva e oito de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal, nas cidades de Maceió (AL), Marechal Deodoro (AL), Itabaiana (SE), Brumado (BA) e Goiânia (GO).
A acusação é de que o grupo desviava verba do SUS para distribuição de colírios para glaucoma através de diagnóstico falso. Segundo o superintendente da PF de Alagoas, Bernardo Gonçalves, “pra execução desse crime, que é o estelionato qualificado, a organização criminosa lança mão de vários artifícios. O que causa mais repulsa e indignação é o diagnóstico de glaucoma em indivíduos sadios”.
Além disso, segundo o delegado, o grupo passava quantidades de colírio além do necessário e faziam com que pacientes assinassem por uma quantidade do medicamento maior do que recebiam.
A operação contou também com auditores da Receita Federal que investigam um suposto enriquecimento ilícito de gestores das clínicas.
Entre 2014 e 2016, somente a empresa sediada em Maceió recebeu em torno de R$ 16 milhões do SUS para consultas e fornecimento de colírios. Em auditorias passadas do Denasus, determinou-se o ressarcimento de cerca de 9,3 milhões à União devido a constatação de irregularidades.
Os acusados da operação Hoder vão responder por associação criminosa, estelionato qualificado e lavagem de dinheiro. Quanto ao diagnóstico falso, “não há a princípio um crime contra a saúde pública porque não existe essa tipificação no código de processo penal”, explica o superintendente.