Homenagem ao Dr José Ricardo Rehder – Belas mensagens de amigos e colegas selecionadas por Dra Elen Nishi e Dr Vagner Loduca

A Oftalmologia Brasileira e, principalmente, o Serviço de Oftalmologia do ABC perdeu um grande mestre no dia 2 de novembro de 2018.

O “PROFESSOR”, como era carinhosamente chamado o Dr. José Ricardo Rehder pelos seus pupilos, nasceu em Mococa-SP. Graduado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, mesmo local onde se tornou Mestre e Doutor. Em 1984, tornou-se Professor Titular e da Pós-graduação do Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC). Em seguida, tornou-se Vice-Diretor da FMABC.

O Professor era um grande chefe. Que sabia a hora de dar “broncas” e cobrar serviço. E também sabia a hora de confraternizar e reunir. Recebia a todos com um belo: Bom Dia, e um sorriso aberto acolhedor, que fazia com que todos se sentissem integrantes e importantes para a Oftalmologia do ABC. Serviço ao qual dedicou grande parte de sua vida e que transbordava de orgulho ao discursar, sempre com os olhos marejados e a fala embargada. E assim ele construiu a Família da Oftalmologia do ABC.

Formou inúmeros oftalmologistas nesses 33 anos de Serviço, transmitindo não só o conhecimento técnico, mas principalmente o lado humano ao tratar dos pacientes. Graças a todo seu esforço e amor, transformou a Oftalmologia do ABC em uma referência nacional. Seu legado é imenso. E seus pupilos, continuarão plantando para que seus frutos continuem crescendo. Gratidão e saudades eternas.

Deixou além da Família da Oftalmologia do ABC, sua esposa Heloísa e seus filhos Ana Luíza e Diogo.

Escolhemos alguns depoimentos de amigos e colegas de profissão para homenageá-lo:

 

Dr. Vagner Loduca Lima:

José

“ E agora, José?

Você nos deixou?

A festa “miou”?

Nossa luz apagou?

O ambulatório fechou?

A residência acabou?

A oftalmo ABC sumiu?

E agora, José?

E agora, José?

Você enfrentou desafios,

distribuiu broncas, gritou,

brigou e lutou …

foi amigo, foi leal

generoso com os pacientes

levou óculos para as crianças,

piano tocando para alegrar à espera da consulta marcada.

E congresso de refrativa num cruzeiro de navio?

Onde já se viu?

Só você para pensar nisso José!

Foram tantas suas viagens a Amazônia,

que até perdi a conta José!

E lá no ABC?

Lá você formou grandes médicos José!

Oftalmologistas que se espalharam pelo mundo

Você sabia disso José?

Você nos deixou José?

Foi tão de repente,

sem hora marcada,

não fez sua despedida,

sua lágrima não caiu.

Mas não se preocupe José!

Seus ideais irão continuar,

Com fortes raízes, que plantaste com afinco!

São tantos alunos, residentes, médicos e amigos…

Saiba que são sua família José!

Sua falta nos assusta e entristece.

Mas somos fortes José!

Somos seu reflexo José!

Seu legado ficou, a luta você venceu!

Segue em paz, pois deixaste o caminho aberto para seguirmos seus passos, e esteja certo que seguiremos, a passos largos!

Mas agora me conte uma coisa,

por que partiu tão cedo José? ”

 

Adaptação livre (e carinhosa) do poema de Carlos Drummond de Andrade, com a certeza de que um dia estaremos todos juntos novamente.

 Dr. Vagner Loduca Lima (Chefe do Departamento de Oftalmologia do ABC)

 

 

 

Dr.Edmundo José Velasco Martinelli: “ José Ricardo e eu …UMA BREVE HISTÓRIA

Texto escrito em outubro de 2015, no informativo Pestana na comemoração dos 30 anos da Oftalmologia do ABC, e atualizado para os dias que seguiram à partida do Professor José Ricardo de Carvalho Lima Rehder.

A história do José Ricardo e a minha, na Oftalmologia do ABC se confundem em seu início, meio, até o dia de sua partida.

Tudo começou no início de 1985, há 33 anos atrás… Nessa época eu ainda estava recém saído da residência de Oftalmologia da EPM (atual UNIFESP), onde fiz minha residência em 1981/82, continuidade como fellow do serviço no setor de Estrabismo.

Por uma ironia do destino, fui procurar o José Ricardo em seu consultório para resolver um assunto particular. Ele foi meu professor durante a residência no setor de Glaucoma. Nesse encontro me fez uma série de perguntas sobre minhas atividades no serviço da EPM, um “interrogatório” completo.

Nessa mesma noite me ligou e me fez o convite para integrar a equipe que estava criando para assumir a Disciplina de Oftalmologia da Faculdade de Medicina do ABC e para consolidar um serviço de residência. Fiquei bastante lisonjeado com o convite feito por um professor meu, e ao mesmo tempo bastante apreensivo pois era ainda bastante jovem e inexperiente na área acadêmica. Mas, estava em início de carreira e era uma oportunidade única naquele momento da minha vida.

Aceitei o desafio.

O serviço de residência já existia de uma forma mais simples e iniciamos os trabalhos com uma equipe que atenderia quatro subespecialidades: Dr. José Ricardo no Glaucoma, Dr. Walton Nosé  na Patologia Externa, eu no Estrabismo e Dr. José Lucas de Souza Filho na Retina. Era uma equipe com três nomes de “peso”. Todos foram meus professores o que me colocava em situação de muita tensão e responsabilidade, mas ao mesmo tempo me fortalecia.

Assim, iniciamos nossas atividades e nos primeiros meses a residência foi reconhecida e credenciado pelo MEC e CBO. Dessa data para cá, sempre crescendo em volume de atendimentos e expandindo a equipe de residentes, fellows e preceptores, passamos por vários endereços, inicialmente fora da faculdade (Hospital Municipal e Hospital de Clínicas de Santo André) e em seguida para dentro do campus da Medicina, inicialmente no piso inferior do prédio central, chegando ao endereço atual no prédio do Ambulatório III.

Toda essa evolução que ocorre até os dias de hoje se deve a uma liderança muito marcante do Professor José Ricardo, que abraçou a “Oftalmo do ABC”, como é chamada, como uma meta de vida e conseguiu colocar o serviço de residência como um dos mais importantes do Brasil, oferecendo, além do suporte didático, teórico e prático, para o 3° e 5° anos da Disciplina de Oftalmologia da Faculdade de Medicina do ABC, atendimento oftalmológico de qualidade para a população das cidades da região metropolitana do ABC paulista.

Atualmente, com muita seriedade e dedicação, assumo várias atividades no serviço, procurando colaborar, junto com toda a equipe, para a formação de novos oftalmologistas e no ensino dos alunos da graduação. Agora, na ausência do inspirador maior de tudo isto, cabe a todos a importante missão de dar continuidade a tudo o que criou com tanto amor.

Apesar de ser da 10ª Turma da MED Santos (Lusíada), hoje tenho muito mais anos de MED ABC como professor e coordenador da disciplina e orientador da residência, do que a maioria de ex-alunos desta Faculdade. Por isso me sinto também, com muito orgulho, um ex-aluno do ABC.

Trouxe esse texto para os dias atuais pois tinha que deixar meu testemunho contando um pouco da minha trajetória junto com o José Ricardo e com certeza a de cada um dos que estiveram ou que estão no serviço e que tem muito a contar de como foi conviver com essa pessoa tão especial.

Finalizo com uma frase de Antoine de Saint-Exupéry que citei na missa de sétimo dia: “Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”

 Dr.Edmundo José Velasco Martinelli (Chefe do Setor de Cirurgia Refrativa da Oftalmologia do ABC)

 

 

Dr. Marco Rey De Faria: “Apesar de conhecer José Ricardo Lima Rehder desde o tempo em que ele era secretário geral do CBO, nosso contato maior foi a partir da eleição para Vice-Presidentes das Sociedades Brasileiras de Catarata e Implantes intraoculares e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Refrativa. Desde o início, ainda como Vice-Presidentes fizemos um plano administrativo em conjunto, já objetivando a futura fusão das duas sociedades, assim como sua expansão. Desenvolvemos em conjunto vários projetos como a melhoria e a expansão de nossa revista Oftalmologia em foco, traduzindo-a para o Inglês e Espanhol e disponibilizando-a na internet para todos os filiados, Residências de Oftalmologia e Sociedades Internacionais com as quais tínhamos relacionamento. Aproximação maior com todas as Sociedades afins nas Américas, Portugal e países de língua portuguesa.

Foi ideia dele, imediatamente apoiada por mim, fazermos o Congresso Brasileiro de 2009 em um navio. Iniciativa pioneira, foi o primeiro e último congresso de Oftalmologia realizado em um navio, pois alguns anos depois o CFM proibiu essa prática devido a problemas alfandegários. O Congresso do navio, como ficou conhecido, foi encarado à princípio com desconfiança, porém logo foi abraçado por todos e foi uma grande oportunidade para nos reunirmos, trocarmos opiniões e experiências, e adquirirmos conhecimento, além do congraçamento e a ótima oportunidade de conhecer de perto colegas mais experientes. Foi um dos grandes acontecimentos da história de nossas Sociedades. Quem não foi, perdeu!

Foi dele também a iniciativa de reunir a nata da cirurgia refrativa em um fim de semana em um hotel próximo ao aeroporto de Cumbica para a elaboração de um manual de protocolos e condutas que até hoje nos orienta, e que seria ótimo se a atual diretoria da nossa Associação o atualizasse.

Tive a oportunidade e o privilégio de estarmos lado a lado em vários embates importantes para o desenvolvimento político da futura BRASCRS, lutando por sua emancipação e manutenção de sua independência.

Como pesquisador participei do seu importante e pioneiro trabalho sobre as lentes de Worst, que possibilitou a introdução das lentes fácicas no Brasil. Pude ver de perto sua força de trabalho e organização durante minha participação sob seu comando no projeto “Amazônia 2000” onde ele organizou o atendimento e cirurgia em sistema de mutirão da população amazônica ribeirinha.

Zé Ricardo, que era como o chamávamos, era um “cara” de grupo, que gostava de dividir suas conquistas e glórias e guardar para si as derrotas. Sofria com isso, mas também festejava muito com todos as vitórias. Lembro de muitas dessas comemorações, foram inesquecíveis! Para sua e nossa felicidades os triunfos eram muito mais numerosos que as derrotas. E nessas festas, ele gostava de falar com o seu inseparável sotaque de Mococa: Larga a mão!

Ele com toda a certeza está em bom lugar.

Até qualquer dia Zé Ricardo ou (como lhe chamava o nosso amigo baiano Zeo) Zé de Ricardo.”

Dr. Marco Rey De Faria (Ex-presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia)

 

 

Dr. Walton Nosé: “É com grande tristeza que escrevo sobre o falecimento de um grande amigo, mestre formador de opiniões, chefe de família exemplar, um generoso professor e dedicado Chefe de Disciplina de Oftalmologia da Fundação do ABC.

José Ricardo Carvalho de Lima Rehder soube fazer e motivar colaboradores, alunos e amigos, conciliando datas, comemorações, atendimentos e campanhas de atendimento clínico e cirúrgico por todo nosso território. Seu empenho na área foi extrema importância para a história da oftalmologia brasileira.

Tive o grande prazer de ser professor da disciplina de Oftalmologia da F.U.A.B.C. na década de 80/90, sob a coordenação e chefia do Prof. José Ricardo. Presenciei e compartilhei de muitas conquistas desde a aquisição do espaço físico para a disciplina até da aquisição de aparelhos de última geração, com médicos e professores assistentes, todos engajados e envolvidos no ensino e pesquisa voltados a oftalmologia.

A Fundação cresceu e se profissionalizou, e é reconhecida nacional e internacionalmente graças ao seu grande entusiasmo e comprometimento. Hoje, é voltada a formação de médicos que adquirem e multiplicam seus conhecimentos oftalmológicos, com tratamento humanizado, eternizando conceitos e a alegria de fazer o bem, tratando o próximo com o cuidado e respeito merecido e com a sabedoria que o ensino proporciona. Obrigado, meu amigo, você conseguiu e o fez da melhor maneira possível!

Impossível não lembrar a alegria do querido Zé Ricardo nas confraternizações organizadas por ele, em que se promovia a união dos oftalmologistas e seus familiares sempre em ambientes muito agradáveis e de ótima convivência.

Parar a sua amada família, com quem dividimos momentos e muitas campanhas pelo Brasil, querida Heloísa, Ana Luiza e Diogo, nossos mais profundos sentimentos.

Tenho certeza que seu espaço, sua luz e energia estarão perpetuado luz em suas conquistas e realizações. O seu legado é de conhecimento, de dedicação com seus pares, seus eternos alunos ir com a nossa Oftalmologia. É uma prova de que vale a pena defender causas justas, amigos e toda uma vida de disciplina e determinação.

Meu amigo, boa viagem e bom descanso…”

Dr. Walton Nosé ( Prof. Adjunto livre docente do Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais da EPM-Unifesp e Presidente da BRASCRS 2018)

 

Dr. Celso Lopez: “ Grande mestre, Professor José Ricardo!

Vá em paz! Te agradecemos por tudo que fez pela nossa amada Oftalmo FMABC. Seu entusiasmo, alegria e força estarão sempre conosco. Obrigado pela amizade, pelos bons momentos e até pelas broncas! Broncas? Nada!!! Fazia com amor. Queria o nosso bem e a nossa boa formação!

Vá tranquilo professor, cuidaremos bem da SUA OFTALMO ABC!!! Rumo ao sucesso total!”

Dr. Celso Lopez Fernandez (Chefe do Setor de Estrabismo da Oftalmologia do ABC)

 

 

Dr. Alexandre Manetta: “ Zé, nunca te esqueceremos!!!!!!

Só gratidão a tudo que você fez por nós. Você deixou uma multidão de excelentes oftalmologistas. Onde estão nossas mãos, estarão sempre as tuas!

O que o Professor José Ricardo significa para cada um de nós é difícil exprimir… Eu o conheci no primeiro ano do curso de Medicina, quando foi meu professor de histologia, em 1982. Tive a felicidade de entrar na residência de oftalmologia em 1988 e desde então “filmei” o Professor. Aprendi muito mais que oftalmologia. Sempre tímido, ficava à distância dos eventos, mas sempre “filmando” e escutando o que o Professor dizia: “Oftalmologia é paciente de dia e livro à noite” e “O dia que você achar que não tem nada para aprender com o porteiro do seu prédio, você não vai aprender nada com mais ninguém”.

Definitivamente foi muito mais que oftalmologia o que o Professor me ensinou. Desculpe o possível atrevimento mas há um pouquinho do Professor dentro de mim. Hoje sou diretor de um serviço de oftalmologia e me pego indisfarçadamente falando e às vezes gesticulando como ele. Não é teatro, é que o seu jeito era realmente contagiante, seu temperamento visceral, apaixonado e sua determinação nos marcou para sempre.

Bem, poderia escrever páginas desses trinta anos de convívio com o Professor. Quero terminar agradecendo à família dele, por nos emprestarem essa grande pessoa que ele foi!

Um abraço fraterno!”

Dr. Alexandre Manetta (Ex-residente, Ex-chefe e atual Médico Colaborador do Setor de Córnea da Oftalmologia do ABC)

 

 

Dra. Eliana de Oliveira: “ Logo que entrei na residência de oftalmologia do ABC, o senhor me fez entender o que era fazer parte do seu serviço, o que era a família ABC. Naquele ano tivemos uma mudança no serviço, sempre crescendo e, com isso, surgiu um desentendimento entre os R’s 1 e 2. O senhor convocou uma reunião extraordinária e “pregou chumbo”. Seus gritos ecoavam nos nossos ouvidos e trepidavam as janelas do anfiteatro. Deu-nos 5 minutos para restabelecermos a ordem dentro do serviço, caso contrário estaríamos “fora”! Tínhamos estudado tanto, nos esforçado tanto para estarmos ali entre os seis aprovados daquele ano, não podíamos deixar tudo acabar dessa forma.

Claro que tomamos a melhor decisão e sempre ficamos ao seu lado, vendo o serviço crescer, participando das batalhas e vibrando com cada conquista, que enchiam seus olhos de luz e, às vezes, de lágrimas.  Isso nos alimentava e sonhávamos o seu sonho!  Nos happy hours na sala rosa, era onde o senhor expunha suas ideias e sonhos e ficávamos até tarde da noite na sua companhia, dispostos a ajudar no que precisasse. Queríamos o serviço grande, forte e reconhecido.

Foram muitos projetos, mutirões, muito trabalho e em cada um deles ganhávamos equipamentos e benfeitorias para o serviço. Tudo era muito intenso! Passávamos o dia trabalhando duro junto e quando o mutirão terminava, para onde íamos? Em algum bar ou restaurante para ficar mais tempo com o senhor. E era divertido!  Muitas histórias para contar!

E assim eu via sua vida, sempre muito intensa, com muita responsabilidade, com muito controle sobre tudo, com muita sabedoria e nunca permitindo que ninguém atrapalhasse seus sonhos em relação ao serviço de oftalmo do ABC. Nunca entendíamos de onde vinha tanto pique, parece que não descansava nunca e sempre sabia de tudo, até aquilo que tentávamos esconder.

Uma palavra que resume o sentimento da família oftalmo ABC é gratidão. Gratidão por ter nos escolhido para entrar nessa família. Gratidão por ter nos ensinado oftalmo, a sermos bons profissionais, respeitando acima de tudo o doente e, também, a amar nossa profissão. Gratidão por ter nos proporcionado tantos bons momentos em sua companhia e de nossos amigos residentes. Gratidão por ter confiado em nós, até quando nem nós mesmos confiávamos. Gratidão por ter conseguido formar um serviço forte, reconhecido, do qual pudéssemos nos orgulhar e ter vontade de continuar fazendo parte dessa história.

Uma pena foi ter partido muito cedo… Achei que isso nunca pudesse acontecer, mas vou continuar a lembrar do senhor com toda a sua alegria de viver, sempre rodeado dos seus residentes, que era como o gostava de ficar!

Acredito que o senhor vai continuar a nos guiar e nos orientar daí do céu. E nós vamos fazer o possível para que o seu serviço continue a lhe encher de orgulho! Até breve, professor…”

Dra. Eliana de Oliveira (Residente do Serviço do Prof. José Ricardo Rehder, Oftalmologia do ABC, de 1995 a 1997)

 

Dra. Ana Célia: “ Para mim, o Prof. José Ricardo era muito mais que um professor, era tipo um paizão, aquele que ama e defende os filhos com toda fúria e também sabe ser rígido e cobrar como um pai deve fazer.

Sinto muitíssimo!!!

Ele fez sempre da oftalmo ABC uma família, da qual amamos e nos orgulhamos de fazer parte. Que todos tenhamos o compromisso de manter essa tradição de família ABC que ele sempre se empenhou em manter.

Saudades para sempre!”

Dra. Ana Célia Boaventura (Chefe do Setor de Ultrassonografia da Oftalmologia do ABC)

 

 

Dr. Halmélio Alves Sobral Neto: “ Carta ao Mestre,

O tempo, ah o tempo! Foi tão rápido e fugaz, que mal percebemos a chegada das estações, e o trem da vida anuncia uma nova partida”.

Nosso Professor, Mestre, Amigo e Paizão José Ricardo Rehder leva nossas lágrimas e saudades, mas deixa uma história de realizações, de luta e de compromisso com o ser humano. Desde a “casinha” do serviço de Oftalmologia da FMABC até os dias atuais, um trabalho de construção incessante realizado por todos e liderado pelo nosso “Professor”, que sempre nos incentivou e nos empolgou com o seu exemplo de ideal, caráter, retidão e capacidade de agregar forças.

São tantos os projetos e atividades consolidados, que foi necessária a Amazônia ser um deles para abrigar o tamanho do coração do nosso Amado Professor José Ricardo Rehder, e ouvindo as suas mãos interpretarem “Insensatez” do maestro Tom Jobim ao piano, que percebi a sensibilidade do nosso inesquecível e incrível Mestre, e como diz a música que ele tanto amava:

“A insensatez que você fez,

Coração mais sem cuidado,

Fez chorar de dor o seu amor,

Um amor tão delicado…”

Minha eterna gratidão por ter compartilhado dessa mágica viagem da vida juntos, e um até breve querido e amado Professor e Mestre José Ricardo Carvalho Lima Rehder.”

Dr. Halmélio Alves Sobral Neto (Ex-residente e companheiro de aventuras mundo afora)

 

Dr. Victor Cvintal: “ Paixão é uma palavra que definia a relação do professor com a oftalmologia ABC; um amor pleno que incomumente mantinha um pico. Como toda relação de carinho, permeava aqueles ao seu redor e mantinha as pessoas unidas, fosse período bom ou período de turbulência, mas mantinha todos focados em uma constante jornada.

 

Comigo não foi diferente, aprendi que a técnica invariavelmente vem, mas o prazer de ensinar, cuidar e descobrir era característica desta constante que ele criou. Com isso tive inúmeras oportunidades, de organizações em congresso desde residente, a prêmios nacionais e internacionais de temas aprendidos aqui e lapidados por atividades que faz do ABC único, como o festival de vídeos.

O professor era duro, mas duro como um pai que quer o bem de todos, não tinha medo de mostrar o caminho certo, e com isso ajudou a cada um a chegar na oftalmologia adulta.  Difícil, mas dever, será manter aquilo que ele construiu durante as últimas décadas. Espero que ele nos ilumine com um poder que só ele pode nos dar agora, e a abrilhantar mais ainda o cuidado aos seus pacientes.”

 

Dr. Victor Cvintal (Médico Colaborador do Setor de Glaucoma da Oftalmologia do ABC)

 

 

 

Dra Elen Nishi (Autora e editora do artigo – Fellow de córnea e cirurgia refrativa do serviço de oftalmologia do ABC)

Dr Vagner Loduca Lima (Coautor do artigo – Chefe do Departamento de Oftalmologia do ABC)