O que é PósFellow? O que é Cirurgião 2.0? O Eye Channel conversou com Dr Milton Yogi da UNIFESP para entender melhor estes novos conceitos.

Eye Channel: Olá, Dr Milton! Parabéns pelo seu intenso papel na educação médica e por ser um dos maiores influenciadores digitais da Oftalmologia (senão o maior) na atualidade. O senhor criou em 2018 uma turma de PosFellow de Catarata. Gostaríamos que o senhor nos explicasse o que é um PosFellow? Quais são as atividades de um PosFellow de Catarata?

Dr Milton Yogi: Olá para todos do Eye Channel! Criei o PosFellow de Catarata com a intenção de suprir uma necessidade que percebo nos que terminam o fellowship: a introdução de análise de exames mais avançados e planejamento/realização de cirurgias com LIOs Premium. Essa parte, na “vida real”, pode ser dificil e solitária. Junto a isso tem a participação em um Grupo de Estudos para se aprofundar bem mais nos fundamentos teóricos da cirurgia de catarata. E como isso tudo envolve a prática (ambulatório e centro cirúrgico), há uma mentoria até para aperfeiçoar o diálogo e expectativas do paciente, que pode ser bem diferente do que está acostumado.

Eye Channel: E esse é um conceito novo? Ou já existe em algum outro país?

Dr Milton Yogi: Nesse formato acredito que seja realmente inédito.

Eye Channel: Quem está organizando e como foi percebido a necessidade de um programa deste tipo?

Dr Milton Yogi: Eu estou pessoalmente liderando isso, tanto no IPEPO como na Benvista Oftalmologia, embora como unidades distintas e não-relacionadas. Ou seja, o fator em comum aí é a minha atividade como mentor e supervisor.
A história da percepção dessa necessidade é um pouco longa, mas bem interessante. Ela se iniciou quando assumi a chefia da Catarata da UNIFESP. Na época, minha intenção era de incrementar operacionalmente o setor – por exemplo, comseguimos dobrar o número de cirurgias com o mesmo budget, e alavancar a parte de equipamentos diagnósticos e cirúrgicos. Mas o desafio maior nem era esse, para mim. Porque gosto muito de inovação, e para isso é preciso criar uma visão singular. Isso se deu logo de início, quando me propus a criar o que chamamos na época de Cirurgião 2.0 – pois eu considerava que estávamos formando uma versão 1.0 ainda. Esse processo necessitava de um planejamento estratégico para dar certo, e o engajamento do Setor de Catarata (na época Incat) foi fantástico para que isso começasse a sair das ideias.
Subsequentemente iniciamos um trabalho conjunto com o Setor de Cirurgia Refrativa, e considero que isso foi um elemento chave na inovação e disrupção. A relação amadureceu e deu origem a um setor conjunto, agora chamado de Setor de Óptica Cirúrgica. Essa é realmente uma inovação que nos enche de orgulho e que simboliza a inovação que caracteriza a UNIFESP. Chegamos, assim, à formação do Cirurgião 2.0!
Paralelamente, conforme ganhávamos mais experiência, ainda auxilei remotamente os serviços do HOPE/FAV (Recife) e Fundação Hilton Rocha (BH) a seguirem a mesma trilha. Em última instância, meu sonho era de darmos o exemplo para que a transformação se replicasse em todos os serviços de Fellowship de Catarata no Brasil.
Recentemente iniciamos o Fellowship no IPEPO e em seguida na Benvista, seguindo esses moldes e filosofia. Criamos um Grupo de Estudos, que para mim é na realidade a “cereja do bolo”, pois estabelecemos um sistema de estudo bastante diferente com alta proatividade e grandes resultados aos participantes.
Toda essa história levou a recebermos incessantemente pedidos de participação nesse Grupo vindos de fellows que, mesmo com excelentes habilidades dos fundamentos da catarata, sentiam que faltava algo ainda para estarem prontos para o mercado.

Senti então que a transformação que eu esperava de outros serviços de fellowship para o modelo de Cirurgião 2.0 iria demorar mais do que eu pensava, afinal as dificuldades da rotina de cada local devem ser levadas em conta.
Por outro lado, dizer “não” a muitos pretendentes me deixava insatisfeito – o modelo estava baseado nos fellows que supervisiono. Em 2018 tive então a ideia de aceitar alguns candidatos informalmente selecionados para uma “Fase Beta de PosFellow”, explicando a eles do caráter de inovação e ineditismo da proposta, para que pudesse ter a compreensão deles caso os objetivos não fossem alcançados. Mas foi supreendente, e o feedback deles me deixou bastante entusiasmado. Entendi que poderíamos, sim, preencher uma lacuna na formação, talvez um pedacinho até pequeno no contexto, mas que faz bastante falta.
Assim nasceu o PosFellow de Catarata. Estou bastante animado pois realizar o “inédito e não imaginado” me estimula bastante!

Para mais informações e saber como se inscrever para o PósFellow de Catarata em 2019 acesso o link:  http://bit.do/posfellow1